Personaltech, uma empresa portuguesa de tecnologia especializada no desenvolvimento de soluções web sob medida.
Ambientalmente maléfico, prática de crime e uma chatice para a grande maioria que recebe. Estamos falando das toneladas de papel que são anualmente distribuídas através de publicidades não endereçadas em Portugal.
No último dia 04, na freguesia de Darque, em Viana do Castelo, o BRNEWS flagrou o CTT – Correios de Portugal, distribuindo SPAM em várias caixas de correspondências que continham o adesivo “PUBLICIDADE NÃO ENDEREÇADA – AQUI NÃO”.
A distribuição foi feita por um homem sem uniforme conduzindo um carro bem diferente daqueles visivelmente plotados pela empresa. No veículo via-se apenas uma folha de papel A4, envolvida em um plástico desgastado, que continha a tímida frase: “ao serviço dos CTT”.
Na ocasião foram distribuídas 2 campanhas. Uma da Câmara Municipal de Viana do Castelo, um folheto mensal denominado “Em Viana”, edição de número 2021/33. E a outra, uma edição semanal da empresa Lidl, com um caderno de 22 folhas de papel tamanho A4, que estava já estava na edição de número 32/2021.
Sobre o folheto mensal “Em Viana”, a Câmara Municipal de Viana do Castelo nos informou que “a distribuição é assegurada pelos CTT, com quem existe um contrato de distribuição”. Em relação ao envio de spam, registrou a autarquia que “não dá nem nunca deu indicações que contrariem as regras da Publicidade Indesejada e, se tal aconteceu, não foi por existir qualquer orientação nesse sentido”.
Quanto as publicidades, conversamos com a Sra. Laura Cunha, uma das residentes que possuía o adesivo de publicidade não endereçada na caixa de correspondência. De forma geral, ela nos confirmou que “recebe frequentemente diversos folhetins, mas que os deita logo fora ao lixo”. Questionada sobre a efetividade da publicidade “ela não influencia em nada, até faz raiva”, relatou.
Perguntamos se as publicidades indesejadas são frequentes e quais seriam as mais recorrentes: “quase todas”, afirmou Cunha. Na sequência, anotamos alguns outros folhetins elencados por ela: “Lidl, Intermarché, Continente… o único que ainda não recebi foi o do Mercadona”.
Sobre a publicação “Em Viana”, confirmada pela Câmara de Viana do Castelo que é distribuída pelos CTT, a Sra. Cunha alegou receber frequentemente o folhetim e que, além dele, recebe ainda o da freguesia de Darque.
Pensativa, após um breve momento, Cunha manifestou preocupações com as questões ambientais: “como está o nosso planeta isso não faz sentido. Temos que salvar o ambiente que está muito mal”, concluiu.
ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável
Para responder as preocupações da Sra. Laura Cunha, o BRNEWS conversou com a ZERO para saber quais impactos as publicidades impressas, tanto desejadas quanto indesejadas, podem causar ao planeta.
Rui Berkemeier, que faz parte do conselho geral da organização da ZERO, nos explicou que não existem “dados quantitativos sobre o impacto ambiental da publicidade em papel”, contudo ele nos elencou alguns dos possíveis impactos qualitativos:
- Produção desnecessária de resíduos urbanos;
- libertação de biogás quando o resíduo de papel é colocado em aterro, contribuindo assim para o aumento da temperatura do planeta;
- enchimento dos aterros de resíduos urbanos;
- impactos ambientais da indústria do papel, como sejam os provocados pela plantação de eucaliptos ou pela indústria da celulose.
DGC – Direção-Geral do Consumidor
Existe em Portugal a Lei 6/99 de 27 de janeiro de 1999, que regula a publicidade domiciliária por telefone e por telecópia. Um dos objetivos é desencorajar a prática de SPAM, termo popularmente utilizado para identificar a divulgação de correspondências indesejadas, sejam elas físicas ou virtuais.
Pesquisando no site da DGC – Direção-Geral do Consumidor, encontramos algumas orientações que podem ajudar o consumidor a se defender formalizando denúncias de SPAM. Inclusive um modelo com a arte de “publicidade não endereçada” pode sei baixado diretamente no site.
Com objetivo de verificar se a Lei está sendo cumprida, o BRNEWS entrou em contato por email com a DGC, órgão responsável por esta fiscalização, e perguntou, dentre outras coisas, sobre as atuais estatísticas das autuações. Mas, até o momento desta publicação, não houve nenhuma resposta por parte da instituição.
CTT
Quanto aos CTT, nossa reportagem entrou em contato para que eles pudessem se explicar, contudo, até o momento não obtivemos nenhuma resposta. Ainda assim, no site deles é possível verificar que são oferecidos dois tipos de correios publicitários.
Desses, um é intitulado, inclusive, como publicidade não endereçada: “entregamos a publicidade nas caixas de correio da área geográfica que selecionar”, diz a propaganda. “Não precisa de ter uma base de dados de moradas”, destaca ainda no conteúdo.
Verificamos ainda que no site do produto de publicidade não endereçada não existe nenhuma menção de que as correspondências não serão entregues em caixas que possuam o aviso de proibição.
Lidl
O Lidl, que também foi questionado por email sobre o envio de seu caderno com 22 páginas, sequer se manifestou.