Industria de medicamentos
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Parte do projeto “Desenvolvimento de método tecnológico para solubilização de drogas pouco solúveis de interesse do SUS”, a técnica de fusão a quente conhecida como Hot Melt Extrusion (HME) será aplicada no Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) para a produção de lotes pilotos para registro de medicamentos.

Desenvolvida no Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCTI), desde 2008, sob liderança do pesquisador Fabio Dantas, essa tecnologia de ponta culminou com a aquisição de uma extrusora do tipo farma, instalada inicialmente no Laboratório de Tecnologia de Materiais Poliméricos (LAMAP) do INT, no âmbito deste novo projeto, apoiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), em parceria com Farmanguinhos e com o Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (LAFEPE).

“A ideia inicial era fazer a produção parcial dos medicamentos no próprio INT, com a construção de um laboratório limpo, o que não foi possível por conta do recrudescimento da legislação. Então a estratégia foi realocar o equipamento em Farmanguinhos, na Fiocruz, que viabilizou as condições ideais para o seu uso” – explica o pesquisador Fabio Dantas.

Nesse novo espaço, começam a ser desenvolvidos comprimidos revestidos de Ritonavir 100 mg, medicamento genérico elaborado em parceria com os laboratórios de Tecnologia Farmacêutica e de Farmacotécnica Experimental, ambos de Farmanguinhos. O objetivo da equipe da Fiocruz é reformular esse importante antirretroviral, otimizando sua forma farmacêutica e o seu Insumo Farmacêutico Ativo (IFA).

“Devido ao curto tempo de residência na extrusora, substâncias ativas sensíveis ao calor também podem ser processadas sem ser degradadas. O material fundido e totalmente misturado, ao sair da extrusora, sofre um resfriamento, o que possibilita manter a forma amorfa do IFA, esta mais estável” – explica a pesquisadora Lucyenne Barbosa, da Divisão de Gestão de Desenvolvimento Tecnológico de Farmanguinhos, uma das responsáveis pelo projeto.

O processo terá suas últimas otimizações para entrar na produção de lotes pilotos que serão utilizados para o estudo clínico e, depois, o registro do medicamento. O funcionamento da extrusora de HME em Farmanguinhos, com a nova tecnologia de produção – até então dominada apenas por multinacionais do setor farmacêutico –, deverá abrir campo para o desenvolvimento de novos medicamentos no Brasil.