Covarde, prestidigitador, um parlamentar que não “parla”. Em poucas, mais com objetivas e claras palavras, é assim que enxergo, até o momento, o deputado Luis Miranda. E mais, a falta de objetividade na forma com que “apresenta suas denúncias” contra a corrupção, suscita, ainda que não se aplique a ele, a áurea do chantagista que faz ameaças para conseguir vantagens sobre suas vítimas. Quem prevarica, ao contrário do que se afirma sobre Bolsonaro, é o próprio deputado, que brada pela moralidade, mas que, intencionalmente, não apresenta suas provas.

Covardia

Oposto a Miranda, durante intervenção na CPI, foi o comportamento de Alessandro Vieira. Senador por Sergipe, Vieira evidencia, inclusive, a covardia de Miranda: “está lhe faltando coragem para falar o nome do deputado Ricardo Barros, que é a figura referida em todos os corredores no movimento deste caso”. Apelando ainda para que Miranda pare de fazer ginásticas e malabarismos, complementa Vieira: “o senhor claramente ofende a inteligência dos parlamentares que estão lhe assistindo, ofende a inteligência dos brasileiros e, muito claramente, joga fora uma oportunidade”.

Ricardo Barros era o nome que Miranda se esquivava a dizer, durante boa parte de sua participação na CPI, alegando “não se lembrar” do que havia lhe revelado, supostamente, o presidente Bolsonaro. O nome Ricardo Barros surgiu do “disse que disse” de Miranda, quando de sua denúncia feita ao presidente, apurada pelo irmão do deputado, que é funcionário do Ministério da Saúde, durante análise de “contrato questionável” para pagamento da vacina covaxin.

A bem da verdade, na sequência da CPI, depois de nova intervenção, dessa vez da senadora Simone Tebet – acredito que ainda sobre o efeito dos conselhos de Vieira – Miranda toma coragem e murmura, com lágrimas, o nome de Ricardo Barros, conforme já antecipado pelo próprio senador Alessandro Vieira.

Prestidigitação

Jogos de palavras, dissimulações, subterfúgios… como se diz no Sergipe do senador Vieira: a velha conversinha miúda. E é dessa forma que Miranda vem utilizando suas habilidades magicas para se apresentar como o paladino da anticorrupção. Vale destacar aqui, inclusive, o ponto alto da denúncia sobre conversa que Miranda teve com o presidente Bolsonaro, onde ele se limita a “dizer que disse” ao presidente sobre um “caso de corrupção” envolvendo a vacina covaxin.

E foi apenas com base nesse “disse que disse” que nasceu uma nova linha de investigação na CPI, antes só da COVID, e que passa ser também a da corrupção – mas sem envolver prefeitos e governadores suspeitos por desvio de dinheiro do Ministério da Saúde.

Por conta desse “escândalo revelado”, proveniente do “disse que disse”, eis que surge então na CPI a nova acusação “inquestionável, lógica e irrefutável” contra o presidente Bolsonaro: prevaricador! Um veredicto antecipado, leviano, baseado apenas no que disse Miranda ter dito ao presidente; e que, após a este tudo ter dito, àquele nada mais lhe disse.

Em entrevista ao O Antagonista, perguntado ao deputado se ele não tem medo de que, nas próximas semanas, fique a palavra dele contra a do presidente, quem prevarica, de fato, é o próprio Miranda: “Aí ele vai ter uma surpresa mágica. Se ele fizer isso, vou ter que fazer uma coisa que nunca um parlamentar deve fazer contra um presidente. Aí ele vai ficar constrangido porque eu tenho como provar. Na hora certa.”

Se tem as provas e não apresenta, quem prevarica ou se acovarda, novamente, é o próprio deputado. E que “hora certa” seria essa? Infelizmente é aqui que entra em xeque as intenções de Miranda.

Parlamentar que não parla

Um deputado tem imunidade parlamentar. Tem direito, dever e procuração de seus eleitores para exercer sua liberdade democrática de expressão e de denúncia em prol da comunidade, do bem maior. Portanto, deputado Miranda, saia do discurso miúdo. Apresente seus fatos e provas. Não deixe para amanhã aquilo que pode ser feito hoje. Siga o conselho do senador Alessandro Vieira. Não subestime nossa inteligência nem a de seus eleitores. Seu silêncio o expõe a suposições caluniosas que naturalmente surgem por conta, justamente, dessa sua prevaricação em revelar e provar tudo aquilo que insinua saber.

Deputado Luis Miranda, chega desse “disse que disse”.

Orgulhe sua tribuna e entre para história.

Parle!

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