Não tenha um político de estimação. Esse foi o primeiro e talvez mais importante conselho que recebi do respeitado jornalista e grande amigo, Euler Ferreira. Durante muitos anos, Euler foi um dos principais comentaristas políticos no Estado de Sergipe.

Estou longe de alcançar a envergadura desse baluarte da comunicação, mas sigo com orgulho e pratico diariamente o conselho que recebi do amigo. Não tenho, nunca tive e nunca terei um político de estimação.

Comunicadores

Digo isso, pois é vergonhoso observar o nível em que chegamos. Basta, por exemplo, o presidente da República se manifestar que, minutos após, não importa o que ele tenha dito, teremos as mesmas figurinhas carimbadas para justificá-lo ou defendê-lo. E claro, vale aqui a lógica inversa para seus opositores.

E não estou me referindo a novatos na área da comunicação. São pessoas brilhantes, renomadas, mas que, nitidamente, estão subestimando a inteligência do público. Os comentários elogiosos, as perguntas combinadas e até mesmo a condescendência postural são nítidas quando se trata da defesa do político de estimação.

Por outro lado, quando alguém critica o protegido, a ira do paladino comunicador se manifesta eloquentemente. Acusações, ofensas, tripúdios… não há limites para atacar, desqualificar ou desacreditar aquele que, insanamente, cometeu a sacra injustiça de apontar que seu pet político fez xixi fora do jornalzinho.

Empresas de comunicação

E o medíocre comportamento de alguns comunicadores, infelizmente, também se observa em certos veículos de comunicação. Criam títulos apelativos, descontextualizam argumentos e partem para o “vale-tudo” na elaboração de narrativas em defesa do estimado político ou na acusação do político concorrente.

Sinto vergonha pelos colegas e tenho certeza de que não sou o único. A corrupção não está só no roubo ou no peculato. Ela também se manifesta de outras formas, como na atuação vendida e subserviente de enviesados comunicadores e meios de comunicação que nos furtam a verdadeira informação.

Sinto ainda vergonha pelos meios de comunicação que são moral e financeiramente vendidos. Que atuam sem nenhum disfarce ou pudor para defender ou justificar os devaneios de seus políticos de estimação.

Leitor conformado

E o que vale para o comunicador e para comunicação, vale também para o conformado leitor que, ao contrário de um político, tem um enviesado jornalista de estimação.

Obrigado amigo Euler!

Por Wenderson Wanzeller – Editor do BR.NEWS

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