Tiago Hélcias Jornalista
Credit: Carolina Wanzeller / BRNews

Vamos ser honestos, não há nada mais irônico do que um político como Lula, com um passado manchado por corrupção participar da sessão solene em 25 de Abril sobre a Revolução dos Cravos, data que marcou o fim da ditadura em Portugal.

No entanto, é importante acrescentar alguns dados para entendermos melhor o contexto dessa visita.

OS NÚMEROS NÃO MENTEM

De acordo com o Ministério Público Federal, Lula foi acusado e condenado em três instâncias por receber propina de empreiteiras em troca de contratos com a Petrobras, totalizando mais de R$ 3,7 bilhões em desvios de dinheiro público. Além disso, Lula foi condenado também pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Quem ainda insiste em negar os fatos, é que provavelmente vive em uma verdadeira bolha ou foi de alguma forma foi beneficiado com a roubalheira ou ainda acredita que o “nove dedos” é um anjo de candura.

Enquanto isso, Portugal tem enfrentado seus próprios problemas de corrupção. De acordo com um relatório recente da Transparência Internacional, Portugal caiu seis lugares no ranking de percepção da corrupção em relação ao ano anterior, ocupando agora a 33ª posição. Além disso, o país tem lidado com escândalos envolvendo políticos e empresa estatais em casos de corrupção. A TAP, companhia aérea controlada pelo governo, estar atolada em um grande mar de denúncias.

SÓ NÃO VER QUEM NÃO QUER

Diante disso, é no mínimo curioso que Lula tenha sido convidado para discursar na Assembleia da República de Portugal, e ainda tenha recebido a honraria de participar da sessão solene sobre a Revolução dos Cravos. Parece que, em Portugal, assim como no Brasil, a luta contra a corrupção não é levada a sério o suficiente.

Os grupos de extrema-direita em Portugal não vão deixar barato dessa vez e prometem fazer barulho. Eles organizam um protesto histórico contra a tal visita política de Lula.

MAL EXEMPLO

Em vez de receber políticos condenados por corrupção, Portugal deveria se concentrar em fortalecer suas instituições e garantir que casos de corrupção sejam investigados e punidos. E o mesmo vale para o Brasil, que precisa urgentemente lidar com a corrupção endêmica que assola o país.

No final das contas, fica a impressão de que, para alguns políticos, a corrupção é apenas um detalhe. Afinal, nada como um “bom evento diplomático” para encobrir a hipocrisia e a falta de seriedade na luta contra a corrupção.