Personaltech, uma empresa portuguesa de tecnologia especializada no desenvolvimento de soluções web sob medida.
TITO GUARNIERE
Nossa inconstância é proverbial. Nenhum plano dura mais do que um governo. E há governos que terminam sem plano algum, como foi o de Bolsonaro. Governa-se para o dia seguinte, para a conjuntura em curso e andamento. Uma vez, lá atrás, ao menos falava em Plano Quinquenal, Decenal – hoje, nem isso.
E no entanto, não há que pensar que uma visão assim curta e limitada, seja de fato capaz de resolver os nossos grandes problemas, desatar os nós que nos aprisionam na pasmaceira, na mediocridade.
Há dezenas de exemplos de países que estavam até atrás do Brasil em todos os indicadores saudáveis de desenvolvimento, mas que em 20 anos deram a volta, se aprumaram e hoje fazem parte do seleto grupo de nações que deram certo.
Nesses há algo em comum: primeiro a estabilidade das instituições políticas e da economia. Na economia, cumprem com rigor a regra de manter os gastos públicos em certo limite, de gerir o Estado com eficiência, de perseverar em certas políticas públicas, mesmo quando muda o governo.
Um programa para reformar a educação é concertado entre as forças políticas e a sociedade, e todas as fações e partidos com ele se comprometem – quando a oposição vence e assume o poder faz pequenas mudanças de rumo, mantendo entretanto o eixo essencial da proposição.
Assim, é possível num prazo de 20 anos trazer um setor vital como o da educação do fundo do poço para a luz do sol, isto é, promovendo uma reforma verdadeira, alterando os velhos parâmetros, atualizando-os para as demandas atuais, ascendendo nos rankings mundiais de ensino, vencendo barreiras que antes pareciam intransponíveis. Aí, estará quase pronto o modelo de uma nova educação, cumprindo o papel de preparar as crianças e os jovens para a vida, o trabalho e a cidadania.
A mesma coisa se dá na área estratégica do desenvolvimento tecnológico. Em poucos anos, com um programa coerente, e mais do que isso, com a permanência de métodos e objetivos, se criam potências tecnológicas, áreas de progresso social e econômico, deixando pra trás o marasmo, o atraso, a pobreza.
Aqui, cada novo governo – como Bolsonaro em 2019 e Lula agora – acredita piamente que todos os problemas têm origem no governo anterior. Arrogantes, têm na manga a solução de todos os males que nos afligem. Em breve tudo entra no velho marasmo, no cenário modorrento, nas mesmas discussões de pouca valia . Nada que de algum modo lembre que outro governo existiu antes do atual – a não ser os maus exemplos, as más práticas.
Os governos do PT têm uma especialidade singular: a mania dos conselhos, dos grandes coletivos – os meios transformados em fins. Passam anos de discussão”democrática e participativa”, que quando muito servem para inchar os livros de atas das reuniões intermináveis. Anos de muita conversa e pouca ação.
Até aquela geringonça do “orçamento participativo” está de volta na voz da ministra Simone Tebet, que nem é do PT. Tebet, que ensaiava ser uma voz sensata, capaz de influir na eficiência e na racionalidade da gestão pública no governo da “Frente Nacional”, foi engolfada pela fórmula falaciosa.
titoguarniere@terra.com.br
Twitter : @TitoGuarnieree